quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Cartão de crédito resiste à crise e deve faturar R$ 26 bi neste mês

Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados / Jiane Carvalho
04/12/2008
A crise desencadeada pelas hipotecas subprimes, com retração na liquidez global e no crescimento do PIB, ainda não chegou ao setor de cartões de crédito no Brasil. Essa indústria segue em forte expansão - acima de 20% ao ano desde 2004 - e deve registrar o melhor Natal da história. Só em dezembro, o faturamento com cartões de crédito deve atingir R$ 25,8 bilhões, um incremento de 20% sobre igual período de 2007. Os dados fazem parte dos Indicadores do Mercado de Meios Eletrônicos de Pagamento, produzido pela Itaucard, a área de cartões de crédito do banco Itaú.
"Essa indústria segue se beneficiando da substituição dos meios tradicionais de pagamento, como cheque e dinheiro, pelo cartão, por isso mantém os níveis de crescimento", comenta Fernando Teles, diretor de cartões do Itaú. "Outros dois fatores importantes são o avanço da rede de aceitação dos cartões e a forte venda dos plásticos pelos bancos", diz Teles.
Dados da Itaucard mostram que, por conta do Natal, o faturamento do setor em dezembro é bem superior ao registrado nos demais meses do ano. Entre janeiro e novembro, o faturamento médio mensal com cartão foi de R$ 18 bilhões, contra os R$ 25,8 bilhões estimados para dezembro, ou seja, um aumento de 43,4%. A crise de confiança global ainda não chegou ao setor de cartões de crédito.
"Em um primeiro momento, o efeito pode até ser o contrário, ou seja, o consumidor concentrar mais do seu gasto no cartão para ganhar prazo, adequando seu fluxo de caixa à nova realidade", explica Teles. "Este movimento reforça a idéia de que o brasileiro já vê o produto como um importante instrumento de planejamento."
A pesquisa Itaucard mostrou também o comportamento do consumidor ao usar o cartão por ramo de atividade. O segmento que mais ganha espaço na utilização do cartão de crédito projetada para este mês é o de vestuário, com participação de 26% sobre o faturamento total do mês, contra 21% na média de janeiro a novembro. Já o faturamento do ramo de vestuário em dezembro, deve crescer 78,2%, com gastos de R$ 6,689 bilhões contra, na média, R$ 3,7 bilhões nos demais meses do ano. Outros dois segmentos, alimentação e turismo/entretenimento, respondem por 15,7% e 11,7% do faturamento da indústria, respectivamente.
A se confirmarem as estimativas para dezembro, o setor fechará 2008 com 110,2 milhões de unidades no mercado, 18,6% superior ao total de dezembro do ano passado. Em faturamento, o setor deve bater a marca de R$ 223 bilhões, 22,1% sobre 2007. No acumulado entre 2004 e 2008, o faturamento da indústria evoluiu 121% e a quantidade de plásticos cresceu 109%.
Fernando Teles evitou fazer projeções para 2009. "Qualquer previsão hoje é inviável. O cenário precisa se materializar um pouco para estimarmos o comportamento do setor no ano que vem", diz Teles, executivo que responde pelo setor de cartões desde junho. A área de cartões do banco Itaú passou por mudanças recentes com a saída de Fernando Chacon, então diretor de marketing de cartões. O executivo responde agora pela área de clientes de alta renda do Itaú e também pelo Personnalité.

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