terça-feira, 3 de março de 2009

Empresas tentam ganhar tempo para pagar dívidas

Gazeta Mercantil / Andrezza Queiroga
03/03/2009
A desvalorização do real desde setembro do ano passado fez com que diversas empresas que realizavam operações com derivativos perdessem milhões. Como alternativa, muitas empresas se renderam a acordos com os bancos para tentar minimizar os impactos deste prejuízo e ganhar fôlego. Entre os termos houve a dilação do prazo para o pagamento com parcelas que podem chegar a uma duração de até nove anos e com taxas de juros de mercado.
Entretanto, de acordo com Miguel Bechara, do escritório Bechara Advogados, o cenário econômico negativo exigiu que essas mesmas empresas passassem a renegociar os acordos já existentes. "Elas estão buscando a banca para acionar a Justiça no intuito de não quitar (de imediato) esses prejuízos, pois ficou inviável o pagamento", diz Bechara. O advogado explica que os clientes buscam o escritório com o objetivo de ganhar mais tempo para o pagamento da dívida. "Enquanto corre uma ação na Justiça, eles ganham fôlego com dinheiro em caixa."
Segundo o advogado, os acordos que antes custavam R$ 500 mil passaram a custar R$ 3 milhões com o prazo de pagamento estendido. "O aumento do prazo ajudou quem tinha dinheiro em caixa, mas quem não tinha se viu diante de um cenário econômico pior do que o que se imaginava, sem crédito e com juros que inviabilizaram os pagamentos", diz.
"Os prejuízos com derivativos foram tão grandes que, diante de um cenário como o atual, provoca o crescimento da inadimplência", comenta Miguel Bechara. Ele diz acreditar, ainda, que os empresários devem aproveitar este momento para procurar alternativas que impeçam que sejam executados ou que tenham a sua falência decretada. "Com uma ação é possível adiar um pagamento e conseguir honrar as despesas com os fornecedores para que a empresa mantenha o capital e evite que quebre", diz o advogado que afirmou ter constantes consultas desta natureza desde o início deste ano. Além disso, Bechara sustenta que os acordos já firmados estão sendo rediscutidos.
Situação similar tem ocorrido no Moreau Advogados. Segundo Pierre Moreau, as empresas que não estão conseguindo cumprir os acordos em que as dívidas foram negociadas estão solicitando prazos mais dilatados. "Não interessa ao banco que a empresa peça uma recuperação judicial e, diante de um cenário difícil, o banco acaba cedendo e prolongando o prazo afim de que se chegue a um denominador comum", afirma.

Nenhum comentário: