Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, novos recursos seriam destinados ao FMI e ao Banco Mundial
O Estado de São Paulo / Andrei Netto
02/04/2009
A reunião de cúpula do G-20, nesta quinta-feira, 2, em Londres, deve resultar no anúncio de US$ 1 trilhão em novos recursos para irrigar a economia mundial, socorrer os países emergentes e em desenvolvimento e estimular as trocas comerciais. Deste valor, cerca de US$ 750 bilhões seriam destinados ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e até outros US$ 200 bilhões para o Banco Mundial. As revelações foram feitas nesta quarta pelo ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega.
O aporte de recursos no FMI, segundo Mantega, deve acontecer por diferentes modelos de capitalização. Por meio da linha de crédito New Arrangements to Borrow (NAB), um método defendido pelos Estados Unidos, seriam injetados US$ 250 bilhões. Outros US$ 250 bilhões viriam por meio dos Direitos Especiais de Saque (SDR), que estão ligados ao poder de decisão de cada país-membro do fundo. Esta é, de acordo com o ministro, o a preferência brasileira. Por fim, mais US$ 250 bilhões seriam originários de empréstimos diretos dos governos, como se dispuseram a fazer o Japão - com US$ 100 bilhões -, a União Europeia - com US$ 100 bilhões - e a Noruega - com US$ 48 bilhões.
Os recursos se somariam aos US$ 250 bilhões dos quais o FMI já dispõe, totalizando US$ 1 trilhão para socorrer as economias emergentes e em desenvolvimento que enfrentem crise. Conforme Mantega, um acordo em torno destes valores depende da reorganização do poder de decisão nas instituições internacionais, de como o aporte será feito e da reformulação das condições de saque por parte dos países-membros do fundo. "Não podemos manter o status quo do fundo, ou seja, permitir que o comando seja mantido por países que não têm mais o poder de decisão e de aporte", afirmou o ministro.
Além dos recursos para o FMI, o Banco Mundial também receberia um novo aporte. Os recursos seriam voltados ao reaquecimento do comércio internacional. Segundo o ministro brasileiro, o G20 deve injetar entre US$ 100 e US$ 200 bilhões na instituição. "Os recursos seriam alocados para os países em desenvolvimento, para reativar o comércio", disse Mantega.
No total, de acordo com os negociadores da delegação brasileira, o G20 deverá anunciar US$ 1 trilhão em recursos novos para os organismos internacionais. Esses valor diz respeito ao total de recursos novos para as diferentes instituições, confirmaram ao Estado o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia.
"O Brasil está disposto a colaborar, mas temos de ver qual é a melhor maneira e adaptar (as instituições) às novas regras do jogo. Não podemos trabalhar com as velhas regras", argumentou o ministro. "São novas regras para que o Brasil seja também protagonista. Não é só colocar dinheiro sem saber onde será alocado."
A proposta de aumento dos recursos do FMI veio a público em 22 de fevereiro, ao término de uma reunião preparatória entre chefes de Estado e de governo dos países europeus do G20 - Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Espanha e Holanda. Então, um dos entusiastas do novo aporte era o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown.
Embora a maior parte dos membros do G20 apoie a recapitalização das instituições internacionais, a reforma e a redistribuição do poder de decisão não são, de acordo com a delegação brasileira, prioridades dos Estados Unidos e da União Europeia. O tema é uma das bandeiras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Londres.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
G-20 deve anunciar US$ 1 trilhão para irrigar economia mundial
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