quinta-feira, 16 de julho de 2009

Darby Stratus cria fundo de R$ 387 mi e investe em energia

Primeiro aporte é de R$ 58 milhões em um projeto de geração em Rondônia
Valor Online / Altamiro Silva Júnior
16/07/2009
Um novo tipo de fundo de participação em empresas começa a ganhar espaço no país. O Brasil Mezanino Infraestrutura, carteira de R$ 387,5 milhões, anuncia hoje seu primeiro investimento no Brasil, em um projeto da empresa Eletrogóes para a construção de uma usina de geração de energia em Rondônia. Foram investidos R$ 58 milhões.
O fundo é um mezanino, um tipo de carteira mais flexível que os tradicionais fundos de participação (ou private equities). Investe em dívida, comprando uma debêntures especial emitida pela empresa que vai receber os recursos. Esse papel pode vir a se converter em participação acionária no futuro. No Brasil, só há um fundo assim, o da Neo Investimentos (em parceria com o Itaú) lançado em 2007, com patrimônio de R$ 177 milhões.
O Brasil Mezanino Infraestrutura nasceu a partir da criação de uma gestora nova, a Darby Stratus, em 2007. A gestora é uma joint venture, a primeira no Brasil no segmento de participações a reunir uma americana (Darby) e uma brasileira (Stratus).
Segundo Fernando Gentil, diretor geral da Darby, a carteira ficou dois anos em fase de captação e recebeu recursos de fundos de pensão, como Valia (dos funcionários da Vale), Petrus (dos petroleiros), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além do dinheiro próprio das duas gestoras. A Darby é o braço de private equity do grupo Franklin Templeton Investments, uma das maiores gestoras do mundo. Só em recursos para mercados emergentes, a Darby administra US$ 2,5 bilhões.
O novo fundo vai aplicar na área de infraestrutura. Segundo Eduardo Farhar, diretor executivo da Darby Stratus, embora a carteira tenha interesse em participar de todos os projetos da área, elegeu três segmentos prioritários: saneamento (e tratamento de resíduos), logística e energia renovável. O objetivo é aplicar entre R$ 40 milhões e R$ 60 milhões por projeto.
O modelo de investimento desse tipo de fundo é ainda desconhecido por boa parte dos empresários brasileiros. O fundo usa a chamada debênture participativa. A empresa emite o papel e o fundo compra e ganha uma remuneração anual, como se fosse renda fixa, com base no fluxo de caixa. No futuro, esses papéis podem virar participação acionária, no caso de uma abertura de capital, por exemplo, ou a empresa pode recomprar os papéis.
Álvaro Gonçalves, sócio da Stratus, diz que a vantagem é não diluir a participação acionária do empresário no início do projeto. No segmento de infraestrutura, que precisa de muito capital, essa diluição é um dos maiores temores dos empresários.
No primeiro investimento, o fundo participa do projeto Rondon II, do grupo Eletrogóes, especializado em geração, transmissão e distribuição de energia. Será uma usina que vai gerar 100 megawatts em Rondônia, com energia hídrica (75%) e térmica (25%). Para construir o lago da hidrelétrica, as árvores cortadas serão usadas na geração da energia térmica e a empresa fará a plantação de eucalipto em áreas degradadas da região. Esse projeto tem investimentos previstos de R$ 500 milhões e faz parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.

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