Demanda por bens semiduráveis e não duráveis permanece aquecida e garante retomada do setor
Valor Online / Cibelle Bouças
16/07/2009
A massa salarial ajudou a sustentar as vendas do varejo nos primeiros cinco meses do ano em níveis proporcionalmente mais elevados que os da indústria, ainda que a recuperação da produção, na ponta, pareça mais expressiva que as vendas do comércio. De acordo com os índices de desempenho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o varejo em maio apresentava desempenho 3,8% superior ao verificado em dezembro, com ajuste sazonal. A produção industrial, por sua vez, apresentou expansão de 7,8% no mesmo intervalo. Entre setembro e dezembro, con tudo, a produção industrial caiu 20%, enquanto a queda no varejo foi bem menor: 2,6%.
Nos primeiros cinco meses do ano, a demanda por bens semiduráveis e não duráveis manteve o comércio aquecido, mas para os próximos meses a tendência é de recuperação mais significativa de bens duráveis, graças à recuperação do crédito. A indústria, também deve registrar recuperação, mas sobre uma base baixa em função das fortes perdas registradas no auge da crise. Para o segundo semestre, a tendência apontada por economistas é de crescimento mais significativo na avaliação mês a mês; no acumulado em 12 meses, há piora no desempenho de ambos.
"Há um descolamento entre indústria e varejo pelo fato de que a crise afetou mais investimentos [bens de capital e construção] e exportações, cujo impacto mais direto é na indústria. O varejo responde ao movimento de emprego e renda", afirmou o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. A desaceleração lenta da massa de rendimentos, a inflação mais fraca no primeiro semestre e o bom desempenho do setor de alimentos (que tem peso maior no varejo do que na indústria) também ajudam a explicar a diferença nos desempenhos, segundo Vale.
Em maio, segundo dados do IBGE, o comércio varejista cresceu 0,8% em relação a abril, com ajuste sazonal. A indústria teve alta de 1,3% na mesma base de comparação. O varejo foi impulsionado pelo incremento nas vendas de combustíveis e lubrificantes (3,7%), artigos de uso pessoal (2,9%), livros, jornais, revistas e papelaria (2,2), tecidos, vestuário e calçados (1,7%), artigos farmacêuticos (0,8%), eletrodomésticos (0,1%) e hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e fumo (0,1%). No varejo ampliado, que inclui os setores de construção e automotivo, a expansão foi de 3,7%, com alta de 8% nas vendas de veículos, motos, partes e peças e de 5,7% em materiais de construção.
Para o economista da Nobel Asset Management, Paulo Val, a recuperação lenta da produção industrial e do comércio ao longo do primeiro semestre foi resultado do arrefecimento da renda disponível e, em ambos os casos, os principais setores beneficiados foram os de bens não duráveis e semiduráveis. Bens duráveis, mais dependentes da oferta de crédito, tiveram desempenho mais fraco. Mas esse quadro tende a mudar no segundo semestre, segundo o economista. "A massa de salários se desacelerará no segundo semestre e as vendas acompanharão essa tendência. E a volta da oferta de crédito tende a impulsionar mais os duráveis daqui para frente", afirmou.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Varejo recupera vendas no fim do semestre
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