quarta-feira, 16 de abril de 2008

Taxa de juros deve ter novo ciclo de elevações

Terra / Denise Campos de Toledo
16/04/2008
O mercado já não conta com a possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) não elevar os juros. A dúvida é apenas em relação à dosagem inicial, se nesta reunião virá um aumento de 0,25 ou de 0,5 ponto percentual. Inicial, porque já é dado como certo, também, um novo ciclo de elevação da taxa básica e não apenas um ajuste. As projeções apontam para um aumento de até dois pontos percentuais ao longo deste ano, que poderia fazer a Selic chegar a até 12,5% no encerramento de 2008. A taxa hoje está em 11,25%.
Diante dessa perspectiva, o que se discute mais são os possíveis efeitos. Além de conter o ritmo de expansão do consumo, objetivo principal da medida, pode haver algum efeito também sobre futuras decisões de investimentos produtivos. Isso porque os empresários passaram a contar com um novo cenário, onde há possibilidade de o consumo ter uma expansão inferior à que vinha sendo esperada.
Esses efeitos devem ser limitados, dos dois lados. Mas sempre fica alguma preocupação até mesmo em relação ao ritmo de crescimento da economia, que está muito atrelado ao avanço do consumo. Por outro lado, juros maiores no Brasil tendem a tornar o País ainda mais atrativo para o capital externo. Vai aumentar o deferencial em relação à taxas praticadas no mercado internacional. Isso tende a assegurar fluxo maior de investimentos, intensificando a pressão baixista sobre o dólar.
Dólar mais baixo colabora na prioridade do Banco Central, que é controle da inflação. Mas, por outro lado, implica perda de competitividade para o produto brasileiro, o que pode contribuir para uma piora dos saldos comerciais. Indiretamente ainda poderá ter algum impacto sobre a atividade, já que vai prejudicar setores exportadores.
Enfim, o Brasil pode perder pontos no crescimento, por não ter preparado o terreno para um avanço mais robusto e prolongado. Processo no qual o governo teve boa dose de responsabilidade. De um lado pela forma como lidou com os gastos e, de outro, pelo atraso na implementação de medidas que poderiam ampliar a oferta, inclusive de serviços públicos. O Banco Central, isolado, é que acaba assumindo o peso de ser o guardião da política de metas de inflação.

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