Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados / Ricardo Rego Monteiro
04/11/2008
Diante de um 2008 já considerado como o pior ano da última década, os fundos de pensão já começaram a planejar os investimentos para um futuro marcado por margens mais magras de rentabilidade e menor exposição a investimentos em renda variável.
O superintendente geral da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), Devanir Silva, avalia que, nos próximos anos, parte das aplicações em ações dos fundos deve migrar para o que classificou como investimentos estruturados - projetos de infra-estrutura que garantam, além da meta atuarial (INPC mais 6%), condições mínimas de gestão e poder de decisão.
Ontem, durante a abertura do 29° Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, promovido pela Abrapp, o presidente da entidade, José de Souza Mendonça, admitiu que, diante da crise global, o patrimônio dos fundos de pensão brasileiros encolheu R$ 4 bilhões entre julho e agosto deste ano. As perdas, que chegaram a R$ 5 bilhões nas aplicações em renda variável, foram compensadas em parte pelos investimentos em renda fixa, que renderam R$ 1 bilhão no mesmo período.
Com relação ao futuro do mercado de ações, Devanir Silva esclarece que a migração das aplicações em renda variável para outros investimentos não significará um movimento abrupto de saída do mercado de ações. Representará, na prática, a diversificação do portfólio das entidades de previdência fechada, que buscarão projetos de infra-estrutura que estejam enquadrados nos mais modernos conceitos de governança corporativa.
O presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), Sergio Rosa discorda da projeção do superintendente da Abrapp, ao lembrar que, apesar da crise, o mercado de ações ainda reserva boas oportunidades de investimentos que visem ganhos de longo prazo. Rosa lembra que, diante da depreciação dos últimos dois meses, o mercado acionário reserva boas opções de "pechinchas" para os fundos.
"Na minha avaliação, como presidente da Previ, este é o momento oportuno para entrar no mercado de ações, com os papéis baratos", afirma o executivo.
"Se fosse em maio, quando os preços estavam valorizados, não seria o melhor momento para entrar", diz Rosa.
Mendonça, presidente da Abrapp, ponderou que, apesar do encolhimento da rentabilidade das carteiras de renda variável nos últimos dois meses, os fundos podem encerrar o ano com rentabilidade praticamente igual à meta atuarial. Para isso, basta que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) atinja a marca de 45 mil pontos no fim deste ano. Pelos cálculos da Abrapp, embora as aplicações em renda variável devam encerrar 2008 com rentabilidade negativa de 26,5%, os investimentos em renda fixa devem alcançar um resultado positivo de 13,8%. No mesmo período, acrescentou, os aportes em outros investimentos devem render 17,3%.
" Isso deve assegurar praticamente um zero a zero para nossas aplicações, já que dará uma rentabilidade ligeiramente negativa, de 0,2%, considerando-se a meta atuarial dos fundos", ponderou Mendonça, que fez questão de afirmar que 2008 "vai ser um ano ruim, mas não será o pior" para os fundos.
Até agosto deste ano, a rentabilidade das entidades fechadas de previdência complementar se limitava a 2,5%, enquanto a meta somava 9,3%. Desde 2003, a rentabilidade dos fundos só superou as metas.
Apesar das perdas na renda variável, o presidente da Abrapp reafirmou a recomendação para que os fundos não reduzam, agora, a exposição aos investimentos em ações, sob o risco de consumar prejuízo para os participantes. Mendonça justifica que, em algum momento no horizonte de longo prazo, as perdas serão compensadas quando houver a recuperação da Bovespa.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Fundos querem sair da renda variável
Publicado por Agência de Notícias às 4.11.08
Marcadores: Governança
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário