Ivan Postigo
Abra uma revista, um jornal, assista uma entrevista e verá que sempre estará esbarrando no tema liderança.
Liderança muitas vezes é confundida com comando. Comando, não no sentido espontâneo, mas delegado.
Liderança, como dom, sempre é apresentada e pintada com belas cores, encontra muitos defensores, soa bem em cursos, palestras, workshops, debates, resta saber se é aceita e desejada.
Reflitamos, você não precisa contar para ninguém o resultado, então porque não ir em busca da verdade?
Você trabalhou duro durante anos, estudou , ficou até tarde na escola e na empresa, um belo dia recebe a tão esperada promoção. Virou gerente.
Algumas pessoas aplaudiram, outras torceram o nariz, você acabou reformulando a equipe, contratou uns, dispensou outros, enfim ajustou seu time.
Hoje dita o ritmo, bate o tambor e todos respondem no mesmo passo. Ótimo, tudo está uma maravilha, como você tanto desejou.
Na verdade, talvez, não!
Um de seus contratados tem boa experiência, uma facilidade enorme para fazer o trabalho, é comunicativo, ajuda todo mundo, costuma ter idéias incríveis, é persuasivo, tem o dom da liderança e está sempre envolvido em projetos novos.
Os outros gerentes, seus pares, o elogiam sempre e vivem pedindo opiniões a esse talento que desponta.
O trabalho do seu comandado está mais do que em dia e nesse sentido você não tem motivos para aborrecimentos. Acontece que ele passou a ser convidado para ir à reuniões, os diretores sempre o consultam, ele se tornou o centro das atenções.
Algumas das sugestões que você apresentou nessas reuniões foram superadas pelas de seu comandado, com justiça, afinal eram melhores e mais sensatas, e cada dia mais seu networking se fortalece.
Os trabalhos em grupo dificilmente não contam com sua presença ou até mesmo sua coordenação.
Pelos cantos já se ouve o interesse em delegar uma gerencia a esse recém-chegado, objetivo que você atingiu depois de percorrer uma longa estrada.
Nas reuniões com sua equipe, com méritos ele tem se tornado o centro das atenções, ouve, apresenta sugestões, resume bem o assunto, encaminha os soluções, e em alguns momentos ele tem o controle total do grupo.
Não raro você é um coadjuvante no processo.
Você aceitaria essa liderança sem qualquer contestação? Seria capaz de elogiá-la e ajudá-lo a crescer na empresa ou isso o incomodaria e seria motivo para algum rancor?
Segundo alguns amigos talvez até aceitassem, mas certamente o couro de tambor romperia .
Um, quando fizemos essa brincadeira, foi taxativo : Nem morto!
Tivemos opiniões do tipo: Isso não existe, ninguém consegue ser tão perfeito.
Uma outra opinião: Ajudaria sim, assim afastaria o perigo mais rápido.Perder meu cargo, heim?
Tivemos opiniões favoráveis, mas algumas o grupo não achou muito sinceras!
Numa contagem apertada acho que teríamos 50% dizendo que aceitaria e a outra metade se sentido extremamente desconfortável.
Para encerrar o assunto e acabar com a barulheira das conversas paralelas algum propôs a seguinte pergunta : - Liderança nas empresas, sem cargo, é possível?
Rapidamente ouvimos alto e em bom som : Depende........
Resumo da ópera ou do grupo: Teoricamente sim, mas na prática depende!
Você o que acha? Desculpe, não precisa responder, esse era nosso trato.
Ivan Postigo
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
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