Agência Estado
11/02/2009
Há luz no fim do túnel, mas o túnel é comprido. Esta é a metáfora que retrata a avaliação dos representantes das instituições responsáveis pelas divulgações dos raros indicadores de estoques existentes no Brasil.
A comercialização dos produtos industriais, segundo eles, deve se restringir em grande parte, neste primeiro trimestre, aos itens que já estão nos pátios, armazéns e prateleiras. Isso significa que a produção industrial deve seguir com pouco fôlego, ainda que não deva representar um ajuste tão drástico quanto o visto em dezembro. Na ocasião, a produção caiu 12,4% ante novembro e 14,5% na comparação com o mesmo mês de 2007.
"Houve um ajuste expressivo na produção em novembro e dezembro, que associamos ao quadro elevado de estoques muito além das necessidades", comentou o gerente-executivo da unidade de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. Mas ele alerta: as expectativas das empresas em janeiro eram pessimistas em relação à demanda que teriam nos próximos meses e também em relação às compras de matérias-primas. "É possível que ainda nestes primeiros meses de 2009 tenhamos um processo de ajustamento dos estoques, ainda que parte disso talvez já tenha sido realizada", considerou.
Pelo indicador da CNI, os estoques cresceram de 51,5 pontos no terceiro trimestre de 2008 para 53,5 pontos no quarto. "Nossas expectativas são de que este movimento continue por mais algum tempo. O primeiro trimestre ainda deve ser dominado por um processo de recuo e de estoques", previu, ponderando, no entanto, que ainda há muita incerteza sobre a demanda, principalmente em relação à demanda externa. "Os primeiros meses do ano com certeza ainda serão dominados por esse processo de ajustes, o que significa que as empresas vão tentar diminuir seus estoques. E isso se dá com as empresas vendendo mais do que produzem."
Os indicadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) obtidos com base nas respostas de aproximadamente 1,1 mil empresas revelam que o menor nível dos estoques com ajuste sazonal foi registrado em junho de 2008, o que significa indústria operando em alta velocidade porque o crescimento da atividade é grande. Na ocasião, 6,9% dos empresários julgavam que seus estoques eram insuficientes, enquanto 4,4% apontavam que eram excessivos. Essa diferença levou o índice a chegar a 97,5 pontos, o menor nível desde abril de 1995, quando estava em 86,6 pontos (4,7% excessivo contra 18,1% de insuficiente). Desde junho, a direção foi só de alta: em julho, foi de 98,3 pontos; em agosto, de 99,9 pontos e, em setembro, de 101,5 pontos. "Foi um ponto de inversão importante em setembro. Foi quando se virou a página e mais gente avaliou que tinha estoques em excesso do que em falta", disse o coordenador da pesquisa, Aloísio Campelo.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Estoques indicam que produção industrial seguirá baixa no 1ºtri
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