quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Investimentos devem crescer 13% no terceiro trimestre

Gazeta Mercantil/Caderno A / Sabrina Lorenzi

12/12/2007

O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga hoje, revelará investimentos crescendo a dois dígitos, pela segunda vez consecutiva.

De acordo com cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) exibirá um salto de cerca de 13% em relação aos mesmos três meses do ano passado, mesmo percentual registrado no segundo trimestre na mesma comparação.

A taxa reflete a corrida das empresas para promover infra-estrutura e atender ao aquecido consumo das famílias – outra componente do Produto Interno Bruto (PIB) que exibirá forte performance nesta quarta-feira.

Os dois setores que formam os investimentos medidos pelo IBGE exibirão números positivos.
O consumo de máquinas e equipamentos, segundo o Ipea, aumentou 20% no terceiro trimestre, enquanto a construção civil cresceu 4,5% nos últimos três meses. A produção de bens de capital cresce em todos os subsetores, sobretudo nas encomendas para projetos de energia elétrica.
De acordo com os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que servem de termômetro dos investimentos, os segmentos de metalurgia, transporte terrestre (não inclui os aviões significativos da Embraer), construção civil e petroquímica estão entre os que mais ampliam a capacidade de produção.

Revisão para cima

"Projetamos anteriormente (em setembro) que os investimentos cresceriam 10% em 2007. Porém, como esta taxa considerava um aumento de 8,8% no terceiro trimestre e agora vemos que crescerá em torno de 13,2%, vamos revisar a projeção de investimento do ano para cima", afirma José Ronaldo Sousa Júnior, pesquisador do Ipea.

As novas estimativas do Ipea serão divulgadas na próxima semana, pelo Grupo de Análises e Previsões (novo nome dado ao Grupo de Acompanhamento Conjuntural). Mas o economista antecipa que todas as variáveis que se referem à demanda interna serão melhores do que esperavam no trimestre anterior, quando o último Boletim de Conjuntura foi divulgado pelo instituto.

O consumo das famílias, que representa mais de 60% do PIB, deve ter crescido pelo menos 6,3% no terceiro trimestre.

Este foi o último percentual projetado pelo Ipea, e também será revisado, por causa do aumento do emprego e do desempenho do comércio nos últimos meses.

Compras embaladas

As vendas no varejo cresceram quase 10% nos últimos doze meses, embaladas pelas compras de carros, eletrodomésticos e computadores, bens que estão diretamente relacionados a "crédito e segurança no emprego", como destaca o pesquisador do Ipea.

O aumento do consumo das famílias de julho a setembro vem após o crescimento robusto de 5,7% no segundo trimestre.

O PIB, por sua vez, também será revisado. A última projeção do Ipea, em setembro, apontava para um crescimento de 1,2% em relação ao segundo trimestre.

E, no ano, o PIB estava cotado para chegar a 4,5%. "Vamos rever. A tendência é que consumo e investimentos continuem fortes em 2008", disse.

A economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ana Cláudia Alem, também estima continuidade no desempenho da economia.

Destaca que os desembolsos do BNDES crescerão 124% em metalurgia, para R$ 4 bilhões nos últimos doze meses.

O setor de infra-estrutura, com aumento de 44% neste período, tem demandas fortes em energia elétrica (R$ 5,3 bilhões), construção (R$ 2,7 bilhões) e transportes terrestres (R$ 10,5 bilhões).

Petroquímica avança

Desembolsos para o segmento de petroquímica dobraram e alcançaram R$ 4,2 bilhões até novembro.

Na indústria, os destaques dos desembolsos de janeiro a novembro deste ano foram as áreas de agroindústria, com R$ 4,5 bilhões, seguida de metalurgia (R$ 3,2 bilhões) e química e petroquímica (R$ 3,7 bilhões).

Em infra-estrutura, transporte e energia elétrica absorvem a maior parte das liberações, com recursos de R$ 9,8 bilhões e R$ 4,9 bilhões respectivamente.

As aprovações do BNDES cresceram 23,6%, atingindo R$ 76,9 bilhões. O valor de projetos aprovados para o setor de infra-estrutura atingiu R$ 34,9 bilhões, crescimento de 74,9% em relação o período de janeiro a novembro do ano passado.

As aprovações na aérea registraram queda de 5,9%, para R$ 31,7 bilhões.

Os desembolsos para as micro, pequenas e médias empresas (MPME) e para as pessoas físicas atingiram R$ 15,8 bilhões nos últimos 12 meses encerrados em novembro, valor 44% superior ao do mesmo período anterior.

Foram realizadas 185,6 mil operações, o que representa um volume 86% maior que o registrado entre dezembro de 2005 a novembro de 2006.

Nenhum comentário: