sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Intolerância com o velho, relutância com o novo

Ivan Postigo

Não importa o tipo de trabalho que você desenvolva , plantando hortaliças ou desenvolvendo softwares , todos os dias novidades estarão sendo colocadas à sua disposição para ajudá-lo , algumas de fácil assimilação , outras mais complexas.
O uso das inovações tecnológicas e o envolvimento com as novas tendências dependerão de muitos e particulares fatores, desde o interesse pela inovação até a disponibilidade financeira.
Toda processo de reestruturação empresarial enfrenta em maior ou menor grau a questão complexa da inovação.
Os softwares de gestão, cada vez mais poderosos e ágeis, oferecem todos os anos versões atualizadas que demandam treinamento, atualização dos computadores, aumento de memória, espaço em disco e muitas vezes a sua efetiva troca. Esses avanços e facilidades, que demandam investimentos, trazem à luz do processo de gestão debates sobre as necessidades efetivas dessas implementações, que geram desembolsos e, nem sempre , trazem resultados facilmente observáveis.
Em gestão todos querem informações rápidas e confiáveis, contudo nem todos entendem a demanda em equipamento, softwares e metodologia para que isso seja obtido.
Tratando de inovação podemos, por vício, nos restringirmos a debater sempre os aspectos ligados às informações, relatórios de produção, balanços, resumos financeiros, contudo a realidade é bem mais complexa.
Equipamentos para fabricação de produtos têxteis que no passado um técnico gastava de três dias a uma semana para trocar um desenho, hoje o trabalho é feito em minutos.A situação é complexa porque em muitos casos não há como adaptar um computador à máquina, a solução é a efetiva troca e isso demanda o comprometimento de valores significativos.
Um equipamento mecânico é robusto e tem enorme durabilidade, para muitos empresários o seu sucateamento, sem um valor efetivo de venda, parece um absurdo. Quanto mais antigo o equipamento menos possibilidades de negócios são encontradas , uma vez que este pouco pode servir como peça de reposição .
As novas tecnologias trazem uma nova cultura e um novo jeito de fazer as coisas, gerando choques e muitas vezes embaraços e dificuldades de adaptação.
Considerando que algo tão visível a palpável como a evolução dos equipamentos já gera desconforto para sua adaptação o que dizer então das idéias e conceitos de gestão?
Vamos considerar um exemplo simples, corriqueiro, mas que dá uma exata noção do choque que o processo gera.
Os apontamentos de produção, onde uma pessoa ou operador anota num formulário a quantidade de produtos fabricados e depois estes dados são resumidos em outros quadros, manualmente ou via planilha eletrônica, cada vez mais estão sendo substituídos por leitores adaptados na própria máquina, onde as informações, quadros e relatórios independem do auxiliares.
O operador ou os técnicos apenas tem que garantir o correto funcionamento do equipamento, ficando a cargo do usuário final, tomador de decisões, a adequação dos dados coletados aos formatos que gostaria de ter.
Simples, perfeito, esse processo atende aos sonhos de todos os gestores?
Nem sempre verdade!
O usuário recebia um relatório com uma estreita visão do processo, quando queria algo mais abrangente pedia à algum subordinado que o fizesse, com a nova tecnologia tem à sua disposição infinitas formas de análise, onde ele mesmo pode desenvolver o modelo.
Tudo o que era sonhado hoje traz alguns agentes complicadores: Estudar a tecnologia e seus recursos , envolver-se pessoalmente com o processo, ter a sua disposição uma infinidade de dados e possibilidades de cruzamentos e a obrigação de estabelecimento de uma rotina .
Sem essa nova tecnologia uma máquina quando parava avisava o operador com um sinal sonoro ou uma luz que acendia, com os novos recursos pode avisar a quem for necessário, dentro de padrões pré-estabelecidos.
Num desses processos um empreendedor, que sempre reclamava estar desinformado pela lentidão dos apontamentos, nos dizia após alguns dias de testes : “Não quero esse programa no meu computador , são muitas informações e não tenho paciência para lidar com isso . Quando quiser saber se as máquinas estão funcionando ou não vou à fábrica, se eu ficar olhando isso o dia todo vou ficar louco “.
Todo processo de mudanças traz desconforto, contudo maior será para aquele que tem intolerância com velhas formas e relutância com as novas.

Ivan Postigo
Economista , Bacharel em contabilidade , pós-graduado em controladoria pela USP
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4526 1197 / ( 11 ) 9645 4652
ipostigo@terra.com.br

Nenhum comentário: