terça-feira, 23 de junho de 2009

Projeto de polo naval no Rio ganha impulso

Área receberá estaleiros interessados no mercado de apoio à exploração offshore no Brasil
Valor Online / Chico Santos
23/06/2009
Com os obstáculos que impediam a licitação para dragagem do canal das Flechas praticamente superados, o projeto de polo naval no Rio recebe novo impulso. O prefeito de Quissamã, Armando Carneiro, disse que a intenção é licitar, até o fim de julho, as obras de dragagem para corrigir a embocadura do canal, na localidade de Barra do furado, considerado o principal obstáculo à execução do projeto de criar no local um complexo industrial liderado pela construção de barcos de apoio às plataformas de petróleo no mar (offshore).
O grupo sul-coreano STX aguarda apenas o início da dragagem para começar a construção de um estaleiro com investimento de US$ 70 milhões. Outras empresas também estão interessadas.
Segundo o prefeito, o Ministério dos Portos indicou que o governo federal vai repassar os recursos destinados à dragagem -cerca de R$ 50 milhões- para que os municípios de Quissamã e Campos dos Goytacazes, principais interessados na obra, façam uma licitação conjunta da dragagem e da transposição da areia da entrada da barra, permitindo a correção dos molhes já existentes no local. A totalidade das obras de infraestrutura está orçada em R$ 140 milhões.
O canal das Flechas, com 12 quilômetros de extensão, liga a lagoa Feia (segunda maior lagoa de água doce do Brasil, menor apenas do que a lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul) ao mar e separa Campos de Quissamã. No passado foi feita, em sua embocadura, uma obra de construção de molhes com o objetivo de criar um polo pesqueiro.
Erros de cálculo em relação às correntes marítimas fizeram com que a areia se acumulasse do lado de Quissamã, afastando os molhes do mar, e cavasse a praia do lado de Campos. O projeto de transferência da areia tem o objetivo de corrigir o problema, restabelecendo a configuração original da área. A tecnologia, chamada "by pass", transpassa mecânica e continuamente a areia de um lado para o outro, por meio de um sistema de tubos e bombas, dando estabilidade às instalações e ao ambiente. Segundo Carneiro, o sistema funciona com sucesso há 30 anos na cidade australiana de Surfers Paradise.
Paralelamente, será feita uma dragagem dos dois primeiros quilômetros do canal para estabilizá-lo em sete metros de profundidade no interior e nove na boca. Nessa área deverá ser construído o complexo industrial e logístico. De acordo com Carneiro, a obra será conduzida por consórcio formado pelos dois municípios, sendo 70% de Campos e 30% de Quissamã.

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