segunda-feira, 30 de junho de 2008

Mudam expectativas para Selic

InvestNews / Maria de Lourdes Chagas
30/06/2008
O mercado começa a desenhar uma nova estimativa para a Selic nos próximos meses. O comportamento dos índices de inflação está fazendo com que os investidores revejam as estimativas para o rumo da taxa Selic, fixada em 12,25% ao ano. Analistas já temem elevação maior nos juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) agendada para 22 e 23 de julho.
Os contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI) negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) projetam aumento de 0,75 ponto percentual da Selic no mês que vem. O DI de janeiro de 2010, o mais líquido, apontou taxa anual de 15,06%, ante 14,96% do ajuste anterior. Os negócios mostraram que as apostas no aumento de 0,75 ponto da taxa básica ganharam forças hoje decorrente do resultado do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) que acelerou para 1,98% em junho, dentro do intervalo das expectativas de mercado (1,75% a 2,10%), porém acima da mediana das previsões (1,89%).
Outro fator que preocupa os investidores é a alta no preço do petróleo que alimenta o medo da inflação global. O barril de petróleo do tipo WTI, com vencimento em agosto, atingiu hoje os US$ 142,93 nas operações eletrônicas da Bolsa de Mercadorias de Nova York (NYMEX, sigla em inglês), registrando um novo recorde histórico.
O gerente de renda fixa do Banco Prosper, Carlos Cintra, disse que a possibilidade de um aumento de 0,75 ponto nos juros é hoje de 75% de chances e a percepção é de que ciclo de alta nos juros não tem mais prazo para acabar.
O executivo ressalta que a preocupação maior é com os preços dos alimentos e da matéria-prima que continuam aumentando. "E a solução para combater a inflação não depende somente do Banco Central brasileiro e sim de uma ação em conjunto com os bancos centrais de outros países, e se nada for feito a inflação irá atingir o mundo rapidamente", frisa Cintra.
Ele observa que na composição do IGP-M o destaque foi para o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que subiu 2,67% contra 1,10% de maio, puxado pelo custo de mão-de-obra (de 0,96% para 3,75%).

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