Ivan Postigo
Velhas frases às vezes são capazes de expor situações de uma forma mais clara que muitas teorias.
Para organizações que vivem à sorte do mercado diria que estas são bem adequadas:
Qualquer caminho é bom para quem não sabe onde quer ir. Para este não importa a direção do vento.
No início de minha carreira ouvia-se muito que planejar era como dirigir um carro olhando pelo retrovisor. Na realidade o que fazíamos, em meio a muita discussão, era uma estimativa, no máximo uma previsão.
A inflação ainda era alta, como perspectiva para o ano seguinte era comum corrigirem-se os dados do ano com a variação projetada e acrescentar cerca de 10 por cento de crescimento.
Felizmente nosso grupo ao comparar os resultados obtidos com os estimados adicionava comentários aos relatórios, provocando o início de uma mudança de comportamento.
A questão colocada em debate era se deveríamos fazer uma estimativa dos resultados com base no “achismo”, consultar a bola de cristal para obter uma previsão ou teríamos detalhes de um plano de ação e determinação e metas.
O programa de vendas estabelecido como meta mostrava que o volume era superior a capacidade de produção somada aos estoques, deixando clara a total falta de cuidado da equipe que o desenvolvia e uma maior carga política que técnica.
A questão era muito simples de ser percebida, já que esses mesmos índices eram usados no plano de 5 anos.
A empresa crescendo 10 por cento ao ano em 7 anos dobraria o volume de vendas e a capacidade de produção daqueles itens, considerando que nenhum outro fora adicionado, teria que acompanha-la, demandado investimentos.
Haveria mercado para isso?
O mercado comprador iria crescer nessa proporção?
Para quem deveríamos vender para poder sustentar o crescimento?
Quais empresas perderiam mercados para nós?
Que fatias individualizadas seria tomadas dos concorrentes?
Quais ações para que isso acontecesse?
Uma empresa enquanto gerando lucro e apresentando crescimento, mesmo que não nos níveis estimados, permite uma infinidade de defesas em relação às defasagens observadas.
A situação é outra quanto quando se observa que o resultado é desfavorável há algum tempo. Depois de dois ou três anos com prejuízos, projetar olhando pelo retrovisor não vai permitir encontrar uma solução para melhorar os resultados.
Caso as ações continuem as mesmas, apenas uma mudança significativa no mercado pode dar uma chance à empresa para que possa se mostrar economicamente e financeiramente mais interessante.
Aguardar é impraticável, é hora de estabelecer definitivamente onde queremos chegar, lembrando que não podemos mudar a direção do vento, mas nos é permitido ajustar as velas.
Uma empresa com um passado marcado por insucessos, vivendo momentos duvidosos, sem um plano de ação que possa efetivamente gerar resultados não poderá criar o seu futuro. É primordial reflexão sobre atos e fatos e tomar atitudes.
As pessoas querem participar de algo grande e importante, convide-as, envolva-as, uma visão compartilhada leva ao comprometimento e a obtenção de resultados positivos.
Os segmentos de negócios podem passar por crises, mas sempre há uma empresa obtendo resultados favoráveis, então como diz a velha máxima, se um pode todos podem.
Um passado crítico não implica que não possamos impedir sua repetição no presente, prejudicando a construção de nosso futuro.
Avalie suas convicções, questione-as, adicione as competências necessárias e trabalhe duro, não espere resultados diferentes agindo da mesma forma.
Ivan Postigo
Economista , Bacharel em contabilidade , pós-graduado em controladoria pela USP
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4526 1197 / ( 11 ) 9645 4652
ipostigo@terra.com.br
sexta-feira, 28 de março de 2008
Passado crítico, presente duvidoso, futuro incerto
Publicado por Agência de Notícias às 28.3.08
Marcadores: Colunista - Ivan Postigo
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