sexta-feira, 28 de março de 2008

Visão empresarial: Comprometimento ou aceitação

Ivan Postigo

Uma tarde estávamos em reunião debatendo os planos para o ano que se aproximava, então foi apresentada uma reflexão que o grupo julgava poderia ser caminho a ser seguido e os resultados que seriam gerados.
Todos ouviram com atenção e um dos sócios disse: “ Interessante, obtendo sucesso vocês ficarão ricos!”.
Imediatamente seu sócio saltou na cadeira e disse: “Eles não, eu ”, como se naquele momento não tivesse participação nos resultados.
Foi difícil trazer o pessoal de volta ao debate, mesmo assim logo encerramos a reunião.
Ficava claro que aquela expressão dizia, minha visão e meus resultados e sua visão, mas meus resultados.
Como gestores temos que ter em mente que a minha visão não é importante para você, a única visão capaz de motivá-lo é sua visão, como diz Peter Senge.
Visão compartilhada é fundamental para a se obtenha o comprometimento com a criação do futuro, caso contrário haverá apenas a aceitação.
Imagine estas situações no estabelecimento da declaração de visão: Uma ou duas pessoas a redigem ou apesar de ser resultado da reunião de grupo prevalece a posição dessas pessoas.
As pessoas reunidas não terão o menor sentimento de propriedade da visão, considerarão apenas que cumpriram a tarefa.
A declaração redigida pode seguir alguns caminhos: Ser emoldurada num quadro de vidro e afixada nas paredes, poucos saberão dizer exatamente o que está escrito naquele documento. Pode fizer na gaveta da secretaria ou em algum lugar de forma que quando solicitada se torna um trabalho arqueológico encontra-la.
Já me deparei com casos onde a declaração de visão foi revisada e ninguém na empresa era capaz de dizer qual versão estava valendo, “não havia sido datada”. A princípio sugestão de colocar uma data resolvia tudo.
Qual a importância que essa declaração tinha para as pessoas que lá trabalhavam?
Com o que deveriam se comprometer?
Isso não demonstra que não estavam comprometidos com a empresa, não estavam comprometidos com aquela declaração.
Poderia a declaração estar em consonância as suas atitudes na construção do futuro da organização?
Dificilmente, estava claro que as palavras ali colocadas à eles não faziam sentido.
Não tinham se importado de fato no momento da preparação, foi guardada de forma displicente, não estava afixada, não era objeto de constante observação e reflexão, não se sentiam proprietários daquela declaração.
Visão compartilhada leva ao comprometimento, ao compartilhamento de futuros alternativos e a identificação de modelos mentais, o que facilita significativamente a observação de mudanças no mundo empresarial e a geração de respostas mais rápidas, eficazes e eficientes.
A falta de comprometimento, liberdade para argumentação e indagação, impede que em reuniões os problemas sejam levantados e expostos como são feitos fora destas.
Quando a meta é vencer um debate prevalece a argumentação, a indagação deixa ser um recurso válido, cada componente não se importa em saber o que o outro pensa, uma vez que isto pode levá-lo a exposição de seus pontos fracos. Ambientes altamente políticos não são abertos a indagações.
Comportamentos defensivos levam as pessoas a se fecharem e à uma menor motivação e criatividade.
Grupos buscam uma visão compartilhada com um só desejo: Participar de algo grande e importante.
A visão para a empresa não é importante pelo que declara, mas pelo que realiza e pode fazer pelo futuro desta.


Ivan Postigo
Economista , Bacharel em contabilidade , pós-graduado em controladoria pela USP
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4526 1197 / ( 11 ) 9645 4652
ipostigo@terra.com.br

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